26 Apr
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David Redwine

Foi o Médico e pesquisador em endometriose que desvendou a endometriose já nos anos 1980 — Bend, Oregon, Estados Unidos — Agosto de 2023 — Todos os direitos reservados - Artigo original WHR, vol. (1) pág. 1. (Versão em português)


A origem da endometriose é um tema crucial, pois o tratamento racional da doença depende do conhecimento de sua causa. A literatura médica continua a descrever a endometriose como uma "doença confusa, misteriosa e enigmática" que afeta cerca de 10% das mulheres no mundo. Tal incerteza, mesmo após mais de um século de estudos, indica claramente que as premissas básicas sobre a doença estão incorretas.E o que poderia ser mais fundamental do que a origem da doença? A confusão em torno da endometriose inevitavelmente aponta para uma falha na compreensão de sua origem. Como a teoria da menstruação retrógrada de Sampson é a mais frequentemente citada como causa, a trilha da confusão leva diretamente a essa teoria, que se torna o principal fator de desorientação.


As falhas fatais da teoria da menstruação retrógrada

A teoria de Sampson propõe que, durante a menstruação, parte do fluido menstrual escapa pelas extremidades das tubas uterinas, carregando sangue, células endometriais e fragmentos de tecido para a cavidade peritoneal, onde se implantariam e se desenvolveriam, originando a endometriose. Considerando que cerca de 10% das mulheres em idade fértil têm endometriose, esse processo ocorreria literalmente bilhões de vezes a cada ano.O fluido menstrual é composto por eritrócitos, células estromais e células glandulares (Figura 1). As dimensões dessas células variam entre 8 micrômetros (eritrócitos) e até 75 micrômetros (células glandulares). Fragmentos de tecido refluxado poderiam, teoricamente, medir entre 20 e 900 micrômetros — dimensões visíveis a olho nu.Se a teoria de Sampson estivesse correta, seria esperado encontrar extensas evidências fotomicrográficas dos passos de adesão, proliferação e invasão do tecido refluxado. Contudo, a ausência dessas imagens fundamentais, mesmo após 150 anos de pesquisas, representa a falha fatal da teoria: se o fenômeno realmente ocorresse, seria impossível não registrá-lo. A única "evidência" disponível são esquemas ilustrativos (Figura 3).Enquanto virologistas capturam imagens de vírus e astrônomos fotografam supernovas, a ciência ainda careceria de imagens básicas de tecido refluxado? Isso é inaceitável. A teoria da menstruação retrógrada como origem da endometriose deve ser rejeitada.


Braços derivados da teoria da menstruação retrógrada: todos refutados

  • Disseminação hematogênica: células endometriais são muito grandes para passar pelos capilares pulmonares. Portanto, não haveria como elas se disseminarem pelo sangue para a pelve, invalidando essa hipótese.
  • Sistema imunológico deficiente: não existem imagens de células endometriais sendo destruídas no peritônio de mulheres sem endometriose. Logo, a teoria de que o sistema imunológico deficiente é responsável também não se sustenta.
  • Circulação peritoneal: a ideia de circulação peritoneal específica foi baseada em manipulações de um estudo radiológico antigo, não sendo evidência científica confiável.
  • Autotransplante em cirurgias: a endometriose em cicatrizes de cesárea geralmente se apresenta como um único nódulo, não condizente com a ampla disseminação esperada se houvesse "contaminação" durante o parto.

Além disso, a teoria da menstruação retrógrada não pode explicar a endometriose em homens.

A pergunta: Sampson estava errado?

A resposta: Sim, obviamente.


Se não é a menstruação retrógrada, então o quê?

Uma teoria unificadora precisa explicar:

  • A aparência variável da doença;
  • A distribuição estática das lesões ao longo da vida;
  • O padrão repetitivo de localização;
  • A ocorrência de endometriose em fetos, abortos espontâneos e homens idosos tratados com estrogênio;
  • A possibilidade de cura completa após excisão agressiva;
  • A correlação com adenomioma, malformações urogenitais e fibromas.

A única explicação lógica é que a endometriose tem origem genética e embrionária. Ela começa no momento da concepção, é expressa durante a embriogênese e se manifesta com a exposição ao estrogênio na puberdade.


Mulleriose: a verdadeira origem da endometriose

Durante a formação do embrião, as células-tronco migratórias podem, dependendo da genética individual, depositar ilhas de células endometriais ectópicas e células-tronco suscetíveis em trajetos padronizados. Esses trajetos concentram-se na pelve posterior, mas podem ocorrer em outras partes do corpo.Assim, a endometriose é um defeito de diferenciação e migração embrionária relacionado aos genes HOX e a um conjunto genético maior, que o Dr. Redwine propôs chamar de "Conjunto Genético Mulleriótico" (MGE).Este conceito explica:

  • As manifestações diversas da doença;
  • A associação com outras anomalias ginecológicas;
  • A endometriose em locais extra-pélvicos.

E principalmente: explica por que nunca se fotografou as etapas propostas pela teoria da menstruação retrógrada — não se fotografa genes com microscopia óptica.


O futuro

  • No futuro, todos os recém-nascidos poderão ser genotipados para detecção do Conjunto Genético Mulleriótico (MGE).
  • Com base no perfil genético, será possível prever:
    • Quem desenvolverá a doença,
    • Em que tipo,
    • E em qual localização.
  • A excisão profilática poderá prevenir a manifestação da doença.
  • Os sistemas de estadiamento da endometriose serão baseados na genética e não em achados cirúrgicos ou de imagem.

Enquanto a cura genética não chega, a excisão continua sendo o melhor tratamento.


Reflexão: devemos pedir desculpas?

Considerando o número de pacientes maltratadas por basear terapias na teoria da menstruação retrógrada, fica claro que esta foi uma das mais prejudiciais teorias da história da medicina.

A ciência precisa reconhecer esse erro e seguir adiante — rejeitando completamente a menstruação retrógrada como causa da endometriose e direcionando a pesquisa para a origem genética e embrionária. Com Mulleriose, não precisamos de Sampson.
Mas precisamos de mais tecido excisado e supercomputadores para avançar.



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